sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Bikers e pedestres testam convivência no Rio

Evento-teste do ciclismo de estrada fecha ruas, mas promete emocionar o público com a alta performance de alguns dos melhores atletas do mundo



Neste domingo (16) tem evento-teste de ciclismo de estrada no Rio. Alguns dos melhores ciclistas do mundo vão percorrer cerca de 165 quilômetros de ruas da cidade, passando por cartões postais entre Copacabana e Grumari. Será uma versão mais curta da prova Olímpica oficial, que no masculino terá 241,5 quilômetros. Uma oportunidade inédita para o público carioca ver de perto o alto desempenho de atletas que costumam dar
espetáculos no circuito internacional da modalidade. Mas, como ruas de grande circulação terão de ser interditadas na manhã de domingo para a realização da prova, este  evento-teste de ciclismo de estrada acirrou mais a discussão sobre o uso da bicicleta nos centros urbanos.
“A bicicleta virou referência de qualidade de vida, meio de transporte e dos conceitos de bem-estar e ecologicamente correto. Não é só no Brasil que isso está acontecendo. No mundo inteiro está tendo esse impulso porque a mobilidade nas grandes cidades chegou ao limite”, ressalta Mauro Ribeiro, primeiro ciclista brasileiro a ganhar uma etapa do Tour de France, em 1991.
Prática comum em cidades como Amsterdã, na Holanda, onde diariamente 60% dos trajetos urbanos são feitos de bicicleta, a convivência entre ciclistas, pedestres e motoristas é motivo de alerta por aqui. “Não sabemos como o público carioca vai se comportar. Na França, onde estão acostumados a sediar esse tipo de prova, basta uma faixa para separar o público da pista e todo mundo respeita porque o ciclismo faz parte da cultura deles. No Rio, o sucesso do evento vai depender mais do comprometimento da população do que do desempenho dos atletas”, completa o ciclista que competiu nos Jogos Atlanta 1996 e foi técnico da equipe brasileira em Atenas 2004 e Pequim 2008.
Além de possibilitar que o brasileiro experimente as emoções de assistir in loco à alta perfomance dos  ciclistas de estrada, que param cidades inteiras em provas como o Tour de France, a cicloativista Renata Falzoni destaca outro efeito colateral da realização de provas como o evento-teste deste domingo. “É bom para gente desconfiar do monoteísmo do futebol. Por que investem tantos recursos em um único esporte e deixam sem nada modalidades que mobilizam tanta gente? O ciclismo desencadeia integração sociocultural aproveitando o amor natural que as crianças têm pela bicicleta. Esse foi grande legado de Londres, que depois dos Jogos transformou as pistas de competições em escolinhas para jovens ciclistas”, destaca a autora do blog Bike é Legal, que atuou como repórter da ESPN Brasil em três Jogos Olímpicos.
Ter a rua interditada para a realização de uma competição esportiva pode parecer um transtorno, mas quem já participou e assistiu a esse tipo de evento garante que vale a pena. “Neste domingo, vai ser muito bom sair da mesmice da cerveja com roda de samba porque é uma oportunidade inédita de ver de perto alguns dos maiores do mundo competindo nas nossas ruas”, recomenda Luciano Pagliarini, ciclista que representou o Brasil nos Jogos  Atenas 2004 e Pequim 2008, ganhou medalha de bronze no Jogos Pan-Americanos Rio 2007 e hoje atua como comentarista da ESPN Brasil no Tour de France, do qual já participou como atleta.

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